domingo, dezembro 13, 2015

Voltar a Respirar

            Quando eu era pequeno, olhava para o céu e pensava que as estrelas eram pedras cintilantes, flutuantes...
            Hoje as pedras voam em direção a nossa face, no alto não há nada, só fumaça com água, mas as pedras queimam ainda como antes.
            Quando eu era pequeno não queria ser, de forma alguma, daquele tamanho.
            Hoje crescido, com o tamanho suficiente para entender melhor do céu, minha altura basta para por minha cabeça a abate. E não adianta, você bate na mesma tecla todo dia. Quando levanta, você veste a mesma roupa de tantas outras segundas, quartas e até mesmo de outros domingos. Você queima seu rosto no sol ou no frio de um vento qualquer, após a última gota d’água de uma chuva gelada. E arde de te por de joelhos, arde de te dar a primeira lágrima de um choro vasto, como o de outras segundas, quartas e domingos, como o de dias perdidos, dias que foram sentidos.
            Hoje à noite, quando eu for pequeno, quero olhar o céu e ver pedras cintilantes, pois às vezes é melhor a alusão de uma ilusão qualquer, que as pancadas de uma realidade sufocante. 



Ícaro Leandro Mendes de Souza

quinta-feira, junho 11, 2015

Fauna de Humanos

Saí de casa e avistei, sorrisos e lágrimas que não dei.
O homem com pressa, freia o carro e desce correndo, esqueceu algo em casa pelo jeito. Sorri para si mesmo como quem está insatisfeito.
A senhora do outro lado da rua, logo na esquina abaixo, me remete as boas avós, porém, estas para mim, não fumam. Pobre senhora, com o olhar caído, traga num desespero o "pobre" cigarro, como quem está farto de comer o mesmo prato todo dia.
O motorista da van, na mesma esquina, faz a curva e sorri, ao assustar um homem gordinho que atravessava correndo. Triste alegria, a vida deve apontar muito o dedo para ele e gargalhar de sua tragédia pessoal.
O ônibus que se espreme em meio aos carros e o muro, caminha em minha direção, ele tapa um pedaço do sol com seu imenso ser metálico. Dentro deste corpo sem alma, muitas almas, em sorrisos e lágrimas, todos insatisfeitos sem distinção. Tão inseguros que, até para descer e o destino viver, não soltam das barras amarelas, que por vezes são as únicas companhias em meio à perdição.
O homem perdido, que não deixa de existir, vive de insistir a tecer um manto frio de sadismo e tristeza.
Tento ser um ser liberto, a saída, a meu ver, é o incomodismo e a grandeza no viver.



Ícaro Leandro Mendes de Souza

quinta-feira, maio 21, 2015

Miragem

De tanto marcar com as fotos, esqueceu-se de viver. A beleza surpreendida e reprimida em folhas, físicas ou não, aprisionadas em gavetas, abertas ou não. A vontade repreendida e não liberta, queria expor ao mundo mas só se aprisionava, por medo ou não.
Talvez nas imagens a vida pudesse ser mais colorida quando se quisesse colocar a cor. Talvez pudesse demonstrar mais tristeza quando se quer solidão. Talvez não seja nada disso.
Talvez eu só esteja virando uma imagem, e não alguém com uma mensagem.

sexta-feira, abril 17, 2015

Olhos vermelhos

Seus sentimentos tinham um ar de mar revolto, muitas de suas lágrimas, desprendidas ou não, em alguns suspiros de vento se transformavam em gotículas, hora de alegria hora de maresia. Mas todo esse vento molhado não era corrosivo, os únicos que as vezes se oxidavam eram os olhos, mas nunca perdiam o brilho.
De alguma forma eu a entendia... e quando não entendia, o coração me explicava, mas mesmo quando eu tudo compreendia, o amor desenhava. Talvez numa tentativa de me elucidar tudo, talvez numa tentativa de me fazer mais apaixonado. Como se não soubesse que da vida eu só quero o ar que emana o cheiro dela.

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

O menino que abre e fecha porta.

Inquietação das emoções
Rabiscos ao negro quadro
Lotado num enquadro de aflições.

Presença da esperança,
Que tem rosto de criança.

Há um sofrimento batendo à porta
Do meu peito eu sei
Que a vida tem uma faca que corta
De meu leito eu hei
De viver esperando um acolhimento

Talvez regenerador, não só do tórax
Mas também do pensamento.
Não adianta o polimento com bórax

A porcelana dos meus ossos se marcaram
Com o corte causado pelo desapego
Com a ausência dos abraços, do aconchego. 

Ícaro L. M. de Souza

quinta-feira, fevereiro 05, 2015

E enquanto te espero

E enquanto te espero
Reflito no quanto te quero
Fico com cara de aflito
vendo os minutos passarem
Resolvo minhas angustias e aplico
Toda minha força nos sonhos
E acabo nos vendo no futuro
Com nossos filhos risonhos.
E por você me torno um garoto seguro
Ansioso pela nossa vida caminhar
Mas com a calma de nossos passos
Andando de mãos dadas a batalhar,
por simplesmente só sabermos amar!

quarta-feira, janeiro 28, 2015

O dia não é Rei

De que adianta o dia belo se não posso ficar feliz?
De que adianta construir um castelo se só de vez em quando o sol vem e diz?
Vem nos dias em que nada dá certo, nem uma palavra se encaixa num suspiro infeliz.
Deviam inventar um engenheiro do planejamento do dia, gastaria todo meu dinheiro no projeto dele só para que de alguma forma desse certo.
A hora rolou, a lágrima passou, mas o dia não é ruiz. 

sábado, janeiro 24, 2015

Iemanjá

Sou filho da geração, vindo de uma mãe coração. A grande mãe de tudo, que acolhe a qualquer um sem olhar os erros ou defeitos, que faz suas cicatrizes serem fonte do seu maior dom. Não há matizes que não podem ser abrasados no seu abraço. Iemanjá gerou a vida, gerou o mar em seu ventre, mas poderia ter o feito com as lágrimas de todos que já acolheu.

Ícaro L. M. de Souza

Palavra


Palavra cantada, compilada, editada, ritmada e ditada, porém, muitas vezes perdida e sofrida, só por ser amada, gerada e concebida, por vezes, mal dita.
            Palavra cantada que lavra a ordem, que grita perturbada, que vomita sentimentos calada com cara de irritada.
            Palavra que não me deixa dormir enquanto não for transcrita e moldada, conforme os eixos da palavra mandada.

            Frase mal formada e mal criada, que sempre acaba calada quando se vê escrita e domada pela minha mente gelada, que tem mania de por fogo da encantada em tudo que é parada de repouso para os meus olhos que insistem em cantar.

Volte

Quando você se vai
Minha alma se esvai
E grita em busca da ternura
Que vem com sua boca e perdura
Até simplesmente eu poder
Eternamente encarar o seu doce olhar.

Ícaro L. M. de Souza

21/09/2014

Por favor, me diga!


Vai dormir sem me dizer
Se hoje ainda é capaz de sentir
O mesmo de ontem
Ou se agora já é a hora de entender
Que se o hoje chegou, ele já é maior que o passado.
Que nunca será deixado de lado
Que sempre será louvado
Nas memórias que tenho do seu rosto próximo ao meu.
 
Ícaro L. M. de Souza

21/09/2014

Bravura do Poeta


Me causam tempestades
Não me deixam fazer as pazes
Toda as horas me lembram que
Com elas não há crase
São agudas sim
Pontudas que entram como agulha
Mas na hora de sair, fazem curva
Como quem fisga no afã de simplesmente nos rasgar.
O homem é peixe que morre pela boca,
O poeta é peixe que costura a boca,
Não só na fúria para mais uma vez abocanhar.
Mas na bravura de mais uma vez poder recitar.

Ícaro L. M. de Souza
10/09/2014

O sequestro da menina da janela


Havia uma menina numa janela
Ela olhava para o céu
E eu olhava para ela.
O céu era dela
E ela só no meu olhar
Era minha.

Havia uma menina muito singela
O céu olhava para ela
E eu, no reflexo dos olhos das estrelas
Era parte dela.

Havia uma janela singela
O céu olhava para a janela e perguntava:
“Aonde está aquela?”
E a janela exclamava:
“O menino levou a bela! Ele foi dizendo que é para você, agora, enxergar todo o seu cosmo no reflexo dos olhos dele, pois é lá que está ela.”

Ícaro L. M. de Souza

08/09/2014, às 23:51. 

Minha Juliana não era apenas um sonho, ela é a verdade de mim, de nossa vida.

sexta-feira, janeiro 23, 2015

Cosmo dominação de mim

Cósmica paciência
Que tem essa garota
Dominadora de minha ciência.
Lógica veemência dessa ternura
Que me encara com seu ar de bravura
Suspirando os perfumes de seus pulmões
Em meu bendito rosto que é seu
Lavando minhas mãos nesse teu sopro chamado brisa
Trágica força de minhas pernas que se acaba com o toque de seus dedos
Em meu rosto com pouca barba, me provocando com seu gosto.
Divino arrepiar do espírito
Que se aconchega com seu corpo entrelaçando-se ao meu.
Heróica areia que transcorre o tempo, forma seu desenho,
Deixa meu coração atento e nos prende em uma redoma
Para que na permanência dos anos tenhamos um ao outro

Na paz de nossa tempestade, no engenho de nosso vento.

sexta-feira, janeiro 02, 2015

Sobre a saudade

Com o rosto apertado pelo travesseiro afogo meus olhos nas lágrimas e os sinto sendo lubrificados pelo sentimento da saudade. Essa emoção é um tanto quanto sem piedade... não aceita lamúria e caminha assim, não nos libertando. E não importa o tamanho de homem que sou, espero a liberdade do seu beijo chorando.