Quando eu
era pequeno, olhava para o céu e pensava que as estrelas eram pedras
cintilantes, flutuantes...
Hoje as pedras voam em direção a nossa face, no alto não há
nada, só fumaça com água, mas as pedras queimam ainda como antes.
Quando eu era pequeno não queria ser, de forma alguma,
daquele tamanho.
Hoje crescido, com o tamanho suficiente para entender
melhor do céu, minha altura basta para por minha cabeça a abate. E não adianta,
você bate na mesma tecla todo dia. Quando levanta, você veste a mesma roupa de
tantas outras segundas, quartas e até mesmo de outros domingos. Você queima seu
rosto no sol ou no frio de um vento qualquer, após a última gota d’água de uma
chuva gelada. E arde de te por de joelhos, arde de te dar a primeira lágrima de
um choro vasto, como o de outras segundas, quartas e domingos, como o de dias
perdidos, dias que foram sentidos.
Hoje à noite, quando eu for pequeno, quero olhar o céu e
ver pedras cintilantes, pois às vezes é melhor a alusão de uma ilusão qualquer,
que as pancadas de uma realidade sufocante.
Ícaro Leandro Mendes de Souza