Saí de casa
e avistei, sorrisos e lágrimas que não dei.
O homem com
pressa, freia o carro e desce correndo, esqueceu algo em casa pelo jeito. Sorri
para si mesmo como quem está insatisfeito.
A senhora do
outro lado da rua, logo na esquina abaixo, me remete as boas avós, porém, estas
para mim, não fumam. Pobre senhora, com o olhar caído, traga num desespero o
"pobre" cigarro, como quem está farto de comer o mesmo prato todo dia.
O motorista
da van, na mesma esquina, faz a curva e sorri, ao assustar um homem gordinho
que atravessava correndo. Triste alegria, a vida deve apontar muito o dedo para
ele e gargalhar de sua tragédia pessoal.
O ônibus que
se espreme em meio aos carros e o muro, caminha em minha direção, ele tapa um
pedaço do sol com seu imenso ser metálico. Dentro deste corpo sem alma, muitas
almas, em sorrisos e lágrimas, todos insatisfeitos sem distinção. Tão inseguros
que, até para descer e o destino viver, não soltam das barras amarelas, que por
vezes são as únicas companhias em meio à perdição.
O homem
perdido, que não deixa de existir, vive de insistir a tecer um manto frio de
sadismo e tristeza.
Tento ser um
ser liberto, a saída, a meu ver, é o incomodismo e a grandeza
no viver.
Ícaro
Leandro Mendes de Souza