segunda-feira, outubro 31, 2016

Criação

Diz muito sobre mim o fato de, no momento, eu preferir sujar as mãos num pedaço de carvão para escrever ao invés de, comodamente, digitar?!
Diz muito sobre mim o fato de, no momento, eu pensar que minha poesia, por assim se fazer, perde-se muito nas oportunidades de existir factualmente?! Pois é corriqueira a inspiração e a ausência de papel. Os versos que não escrevo, apesar de irrelevantes à existência coletiva, se não expressos perdem-se para sempre... Tentar recorda-los, para mim, é como acordar de bom sonho e tentar sonha-lo novamente noutra oportunidade, ou seja, é praticamente impossível.







Ícaro Leandro Mendes de Souza

impedicare

Será que estaremos sempre fadados às folhas de rascunho? O grafite que em atrito à vida rabisca essa história será sempre, infinitamente, sujeito de deleite da borracha das "mãos maiores"?
As vozes, altivas que só elas, comemoram a ficção de um jogo. Gritam com certezas... maniqueístas.
Mas no produto, comemoram também uma tragédia ainda oculta.
Não é meu desejo uno, mas causam luta, guerra... Infelizmente, nunca paz e progresso.
Heroísmo é perspectiva, posição variante,   depende de quem está com sangue nas mãos.




Ícaro Leandro Mendes de Souza

quarta-feira, outubro 26, 2016

Inconstância


Como se fosse uma bomba relógio, mas bombeia sangue e é bem frágil. O aceleramos com ira e dor, incompreendido... crê por horas e depois é cético quanto ao amor. Quando assim, só o vê como preenchimento para o vazio. Para a falta de sentido, de razão. Mera desculpa para persistir. A vida pelos prazeres é uma via atraente, mas não menos trágica que qualquer das ilusões, o hedonismo transforma tudo em um jogo, tapa este buraco cardíaco e afaga o íntimo com propriedade, mas abre constantemente lacunas de sufocamento. A tempestade mental é tremenda, tendo a crer que se há sentido nisso tudo ele não está no meio de nós, já que o humano precisa ser preenchido e o vazio é agonizante, tornamo-nos inconstantes.







Ícaro Leandro Mendes de Souza

quinta-feira, junho 23, 2016

Contraposto ao Sol


Quanto tempo de vida resta? Será que dá tempo de tirar um sesta? Tenho preguiça de levantar e encarar o sol, prefiro as luzes noturnas, de timbres soturnos... Me refiro à beleza destas, nem sempre a sombra se remete à tristeza, minha vida.
         O meu caminhar, ele talvez se fizesse mais firme, mais preciso, se eu pudesse passear pela vida da ternura à noite, que é de um tempo tão precioso.
            Eu sei que sou uma pessoa confusa, que talvez, mais de uma vez, eu me perderia por aí se fosse assim. Mas eu sei, e muito bem, que o luar não teria o olhar de me julgar se eu partisse assim... Seríamos, aliás, bons companheiros.
            Mas a indisposição pode estar atrelada a mim, não ao período que você, vida, estabelece como comum. A culpa não deve ser sua, e eu também não tenho pressa, só tenho preguiça de você. Mas o que me resta se só te tenho?! Agora... posso tirar uma sesta?





Ícaro Leandro Mendes de Souza

23/06/2016 às 14:38.


segunda-feira, março 28, 2016

Daninha

Fruir daquele momento para novamente poder existir... nesse chão com passo desatento, finjo me manter fixo ao horizonte, mergulhando num lago, desligando minha fonte, num curto circuito, escurecendo minha fronte. 
           Por mim, seria tudo diferente. Mas para que fingir? Só eu ainda estava contente.
           Em face da minha face, não queria que você chorasse, mas quantas vezes tu realmente se importou, também, com as minhas lágrimas? Agora, não é que quero que se foda, é só que não me importo mais com suas lástimas.

            Me indifere, agora, o seu perdão, pois para ser amado como me amou, melhor ficar inerte, numa banheira de solidão, já que não fiz nada para derrubar lhe a lágrima, mas fez de tudo para que o amor fosse em vão.




Ícaro Leandro Mendes de Souza

terça-feira, março 22, 2016

Mais do meu caminho

Com desgosto, gosto
Do seu olhar nefasto
Como faço para superar?
Simplesmente me desfaço!
Num certo ritmo de diariamente
Me manter num aspecto falso
Sempre mostrando os dentes
Para deixar a vida fluir
De maneira a, finalmente, me consumir.
Como fazer para tomar a rota
Para aquele lugar do mundo
Onde existe algo que me mata
De saudade, de tristeza por não ser
Mais do meu caminho
Aonde existe um mapa?
Quero que me guie
Para onde existe algo que mata
De saudade do seu carinho,
De tristeza pela sua ausência,
Ou talvez por ser um poço de inexistência,
Teria sido tudo, apenas mais uma vivência?
Eu só quero o caminho
Para voltar atrás do local
Onde quero firmar meu ninho.





Ícaro Leandro Mendes de Souza - 22/03/2016 às 17:25.



 



 

domingo, março 06, 2016

Reflexo Interior

E os olhos e rostos que vemos nas nuvens, eles se acabam como um suspiro de amor. Faces momentâneas... nos sufocamos o quanto queremos, só por desejarmos, à nossa maneira, uma velha felicidade morta. Bêbado, escrevi esses versos esperando perdão dos céus…. Mas hoje, dando continuidade, volto meus olhos para a terra, e vejo toda minha realidade idealmente construída, completamente destruída. Não pelos meus pés, nem pelos de ninguém. O fato é que os outros trilharam seus caminhos…  e eu, só me deitei sobre os escombros e desejei que as estrelas que eu via na noite fossem um espelho, refletindo meu chão.