quarta-feira, março 05, 2014

Molduras velhas do meu quarto 2

Como não posso fazer desfrute de uma singela varanda, uso este belo quadro que tenho. E com certa força me mantenho debruçado em suas velhas molduras por puro empenho.
A pintura que mais gosto de sentir é a da brisa da manhã, pois como com um conta-gotas o céu vai mudando de cor conforme os corantes pingam nas paredes da atmosfera.
Enquanto escrevo isto, meus cotovelos doem, mas fico feliz, já que nesses ventos reflexivos percebi algo, quem tem varanda, apenas tem mais uma cria, e eu que tenho janela, tenho um quadro a cada dia.
Seria muito simples, simplesmente abrir minha mente, e fazer uma crônica do dia a dia. Apesar da repetitiva peça teatral do cotidiano, tento, de maneira quase religiosa, exaltar as excentricidades do não casual viver.
Poderia eu agora, exilar este texto para uma pasta, mas gostaria de pelo menos no fim enaltar que, o senhor Braga, não escrevia praga, aquela que se espalha e atrapalha o dia de quem cultiva plantas para manter a vida, aquela que se espalha e atrapalha o dia de quem cultiva ideias para se manter sóbrio para a vida.




Ícaro Leandro Mendes de Souza.


A primeira parte (os três primeiros parágrafos) é um texto pela linda manhã de 31/12/13. A segunda parte é uma homenagem ao escritor Rubem Braga, tendo sido analisado apenas o texto “Despedida”, sendo este retirado do livro “A Traição das Elegantes" de 1967.

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